Entre desejos e realizações para o Ano Novo
A passagem de ano nos dá a sensação de posse.
Aquela que nos informa que temos a oportunidade de recomeçar. Refazer o que não foi efetivado, o que deixamos de fazer ou os planos frustrados. Nesta época abrimos na consciência a possibilidade de que tudo pode ser revisto na perspectiva de se tentar novamente.
Ainda bem que temos esta experiência de passagem de ano.
Penso ser este um ritual mítico. O mito de que o tempo passa.
Começa e termina em fases possibilitando de alguma maneira misteriosa recompor e também o da existência de pausas que possibilitam brecar o tempo e assim contarmos sua passagem.
Também gera a sensação de certo controle. Numa espécie de “bricolagem do tempo” podemos juntar os pedaços e fazer algo mais especial que antes, nos sentimos senhores. Na verdade podemos fazer isto a qualquer hora, em qualquer ponto ou fase de nossas vidas, mas preferimos a passagem de ano.
Infelizmente divididos entre o ser e o fazer corremos o risco de nos iludirmos nesta passagem. Relativizando o poder das ações e superestimando o poder dos desejos e sonhos, desejamos a todos e a nós mesmos sorte e pensamentos positivos apostando que isto influencie o futuro. Mas tudo o que fica apenas nos desejos, morre asfixiado no peito das realizações.
Para este ano quero a consciência da minha fragilidade diante do tempo:
- O tempo não passa e é por isso que não o paramos. Nós passamos. Nesta passagem somos aprendizes.
- É inexorável que como aprendizes estamos sujeitos a erros. O mais importante não é tentar evitá-los, mas sim saber como desenvolvemos a história e que tipo de discípulo cada um foi.
- Vale a pena lutar pelos desejos. Eles dão significado e sentido ao próprio viver e requerem o investimento da própria vida, apesar das incertezas do futuro.
- A qualquer momento é possível recomeçar.
- Não precisamos viver inseguros por existir alguém que deseja a nossa queda ou nosso lugar. Sempre existirá alguém mais hábil pronto a assumir. O mais importante é que tipo de marca deixamos enquanto permanecemos.
- Quero saber discernir as saudades que não devem ser matadas.
- Me iludir com os sonhos que devem permanecer como tal.
- Me pegar desejando coisas que não serão realizadas, mas servem como molas propulsoras da perseverança.
Por isso quero ter uma fé madura que é convicta em qualquer situação sobre o amor de Deus, mas quero também a fé infantil que cheia de “porquês” sente medo e por isso vez por outra inocentemente deseja o inusitado.
Se conseguir isto, quem sabe deixarei a vida fluir e conseguirei desfrutar de seu melhor e poderei encerrar o ano dizendo que vivi o melhor de minha vida. É um risco, mas não quero deixar de viver porque insisti em ter o controle sobre o tempo.
Numa metáfora, não quero deixar de tentar segurar água entre os dedos nos lagos existenciais, só por saber que isto não é possível ou por considerar inútil ou infantil. É divertido, deslumbrante e poético. Faz parte da criatividade que inventiva transforma o óbvio em maravilhas. É a vida.
Que Feliz Ano Novo, de fato, seja fato.
Eliel Batista.
Paz, Pr. Eliel.
ResponderExcluirUma grande benção que recebi em 2009 foi a oportunidade de começar a acompanhar seu blog.
Obrigado por nos presentear com textos e reflexões lindas.
Gostei muito desta frase: "Mas tudo o que fica apenas nos desejos, morre asfixiado no peito das realizações."
Que possamos, em 2010, sonhar, planejar e realizar. E que acima de tudo estes sejam os sonhos de Deus para nós!
Um grande abraço e feliz ano novo!
Vinicius Morais
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Olá Eliel,
ResponderExcluirDesejo um ano novo repleto de esperança para você a sua família!!!! Que mesmo no descontrole da história, sejamos pessoas melhores. Abraços. Marcio Uno - marcioruno.wordpress.com