DEUS

A encarnação só serviria como prova do amor de Deus, se não existisse outra maneira para Ele perdoar. Só valeria como prova, se as opções fossem entre sim e não. Não existindo outra maneira para salvar, o que dizer sobre o tema Onipotência?

Se...
...
Deus não podia salvar os pecadores senão condenando um justo, onde estaria a sua Onipotência?
... Ele podia salvar por outros meios que não a humilhação, mas não optou por eles, teria sofrido sem necessidade, ou por faltar-lhe de sabedoria?
... Dissermos que Ele sofreu para provar seu amor, restaria a dúvida de seu amor pelos outros seres criados como os anjos, pelos quais não precisou sofrer?

Só posso entender que Deus fez o homem livre. Ao dar esta liberdade, sabia que seu imenso poder deveria se adequar harmoniosamente com as decisões do homem.
Para não revogar esta vocação dada ao homem, se este lançasse mão da liberdade para contrariar sua vontade, Deus sabia que não poderia fazer uso de sua soberania e simplesmente decretar, mas teria que agir, e isto envolveria a submissão.
Sabia que não haveria outra maneira senão esvaziar-se e sofrer humilhações
Criando o homem perfeito e livre, e tendo um propósito perfeito, esta uma ação nobre e não indigna.

Para uma mentalidade de poder estóico, sofrer e morrer por amor pode até demonstrar heroísmo, mas se para isto, Deus tiver que abrir mão de Soberania, Onipotência é inaceitável, principalmente por desteologizar Deus.
A procura de Deus, para esta mentalidade se dá nos suntuosos palácios. Afinal, lá se encontram os nobres e poderosos.
Também rejeita qualquer Deus diferente ao que se idealizou. Contrariar concepções causa a crucificação.
Ao invés de compreender o Amor, determina como Deus deve ser.

Temos na teologia, uma que aprisiona Deus na Soberania e Onipotência. Este esforço teológico reverte o bem intencionado objetivo e leva a cuspir na face da Bondade, e para calar a boca de outras, desafia em zombaria que o fraco servo prove-se “capaz” de ser o Soberano Deus.
A luta empreendida para preserva-lo Rei, acaba impondo-lhe à cabeça uma coroa, mas de espinhos.
Entendo porque não seria preciso o Pai decretar a morte do Filho. Bastaria enviá-lo esvaziado.
No fundo, o poder que se dá a Deus, não é o que Ele possui, mas a projeção da maldade ansiosa por uma justiça forte. Não aceita um Deus que ama e para tal, de fato e em verdade, se identifica com a fraqueza.

Ela não percebe que o maior delegar ao menor, jamais perde a sua grandeza. Maior é aquele que dá, do que quem recebe. O inferior é abençoado pelo superior. Por mais que Deus entregasse todo o seu poder ao homem, este ainda assim não teria mais poder que Deus. Ainda que Deus fizesse outro Deus este seria menor, porque fora criado.
Mesmo que Deus desse, e deu, liberdade a uma criatura, esta não ameaça a sua própria, porque há um só Senhor sobre todos.

Pergunto-me sobre qual a maior riqueza para Deus: Poder e Soberania ou seu Filho?
Se Ele deu o que lhe era mais precioso qual a dificuldade em compreender que abriu mão de seu Poder?
Se não poupou seu próprio Filho por amor, não se deveria estranhar a escolha da forma mais bela de interagir:
“Com Todo o poder nos céus e na terra, sem fazer uso dele, todos os dias conosco, como Consolador” (parakletos).

Se Deus tem o poder sobre a morte, por que Ele não está ressuscitando os que falecem? Se venceu a morte, por que permite que as pessoas continuem a morrer?
Para que a vida fluísse livremente, Ele decidiu soberanamente, pelo menos por enquanto, não ressuscitar os mortos, mas sempre presente consolar os enlutados.
Tendo decidido que desta forma a vida no mundo seguiria seu fluxo, Deus não pode. Não por faltar-lhe Poder, mas para ter um relacionamento verdadeiro e de compaixão com a humanidade, “abriu mão de fazê-lo” e estabeleceu que quando o fizer, encerra-se esta era.
Por enquanto, continuemos a desfrutar da presença de Deus, chorando com os que estão de luto, assim como Cristo fez à porta do sepulcro de Lázaro.

Comentários

  1. Anônimo8:51 PM

    O homem não é livre, mas também não é manipulado por Deus.
    Digo que não é livre, pois ele escolhe aquilo que lhe é tendencioso e psiquicamente, direcionado. O homem é preso em si e entre si.

    Deus não age em relação ao homem, tendo que antes, esperar o que o homem escolherá. Deus não espera, pois Ele está acima da dimensão temporal. “Esperar”, implica em duração, passado, presente e futuro. Mas Deus está acima do tempo. Nós temos a sensação de que Deus está esperando, mas é porque estamos dentro do tempo e por isso as coisas de Deus acontecem gradativamente, mas isto é uma sensação humana. Ex: Deus mudando a minha realidade, Deus me livrando, Deus me ajudando, Deus intervindo, Deus me poupando segundo o meu arrependimento, Deus se alegrando comigo e Deus se entristecendo comigo. Tudo isto que acontece. Pra nós, é gradativo, pra Deus, é simultâneo – Tudo acaba em harmonia!

    Duas coisas que não acontece:

    - Deus “esperar”, literalmente, pra realizar;

    - Deus não tem nada a esperar porque Ele determinou o que o homem há de escolher;

    Esses dois pensamento, coloca Deus dentro do tempo com “suas malas e cuias”!

    Nós escolhemos, então Deus entra em ação....
    Só que na verdade, quem esperou foi o Homem e não Deus, pois Deus não está condicionado ao tempo. Ou seja, o que acontece é que enquanto estamos escolhendo, na verdade já está tudo realizado, não porque Deus determinou, mas é porque Ele está fora do tempo. É como se num estado presente, Deus esperasse o homem fazer sua escolha e com esta escolha, viesse a por exemplo, a reação divina ou humana, fazendo com que Deus se alegre ou se entristeça.
    Só que tudo isto acontece num “estado presente”. Incogniscibilidade de Deus!

    Deus é Eterno. Ele não teve origem. O tempo não passa pra Ele, pois Ele está fora do tempo. Ao mesmo tempo em que ele se relaciona com o homem, nada disso é passado ou futuro e sim um fato presente muito loko!
    Pra Deus deixar de “conhecer o futuro”, Ele não seria o “Deus que É”, e sim o “Deus sendo”!

    Deus não manipula ninguém;
    Deus não é pego de surpresa;
    O homem não é livre. Ele tem a liberdade de se inclinar às suas prováveis obviedade.

    Abraços!
    O homem não é livre, mas também não é manipulado por Deus.
    Digo que não é livre, pois ele escolhe aquilo que lhe é tendencioso e psiquicamente, direcionado. O homem é preso em si e entre si.

    Deus não age em relação ao homem, tendo que antes, esperar o que o homem escolherá. Deus não espera, pois Ele está acima da dimensão temporal. “Esperar”, implica em duração, passado, presente e futuro. Mas Deus está acima do tempo. Nós temos a sensação de que Deus está esperando, mas é porque estamos dentro do tempo e por isso as coisas de Deus acontecem gradativamente, mas isto é uma sensação humana. Ex: Deus mudando a minha realidade, Deus me livrando, Deus me ajudando, Deus intervindo, Deus me poupando segundo o meu arrependimento, Deus se alegrando comigo e Deus se entristecendo comigo. Tudo isto que acontece. Pra nós, é gradativo, pra Deus, é simultâneo – Tudo acaba em harmonia!

    Duas coisas que não acontece:

    - Deus “esperar”, literalmente, pra realizar;

    - Deus não tem nada a esperar porque Ele determinou o que o homem há de escolher;

    Esses dois pensamento, coloca Deus dentro do tempo com “suas malas e cuias”!

    Nós escolhemos, então Deus entra em ação....
    Só que na verdade, quem esperou foi o Homem e não Deus, pois Deus não está condicionado ao tempo. Ou seja, o que acontece é que enquanto estamos escolhendo, na verdade já está tudo realizado, não porque Deus determinou, mas é porque Ele está fora do tempo. É como se num estado presente, Deus esperasse o homem fazer sua escolha e com esta escolha, viesse a por exemplo, a reação divina ou humana, fazendo com que Deus se alegre ou se entristeça.
    Só que tudo isto acontece num “estado presente”. Incogniscibilidade de Deus!

    Deus é Eterno. Ele não teve origem. O tempo não passa pra Ele, pois Ele está fora do tempo. Ao mesmo tempo em que ele se relaciona com o homem, nada disso é passado ou futuro e sim um fato presente muito loko!
    Pra Deus deixar de “conhecer o futuro”, Ele não seria o “Deus que É”, e sim o “Deus sendo”!

    Deus não manipula ninguém;
    Deus não é pego de surpresa;
    O homem não é livre. Ele tem a liberdade de se inclinar às suas prováveis obviedade.

    Abraços!

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  2. Lúcio, apenas repito:

    "Contrariar concepções causa a crucificação.
    Ao invés de compreender o Amor, DETERMINA como Deus DEVE SER".

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  3. Anônimo6:02 PM

    Os calvinistas "moldaram" Deus, afirmando que Deus é "responsável" pela decisão humana.

    O O.T. "molda" Deus, afirmando que Ele está do nosso lado sem saber que decisões iremos tomar.

    Pastor,

    Isso me faz crer que essas teologia existem para satisfazer seus dogmadores.

    O O.T. parece ser linda, chega a ser poética, me lembra os filmes do Robbie Williams, mas não é assim que funciona.

    Deus é!
    Deus não está sendo!
    Quem está sendo, é o Homem!
    Mas enquanto o Homem está sendo, Deus É, ou seja, Deus tem ciência paralela de tudo o que se acontece dentro a dimensão temporal.

    Ciência paralela e não ciência manipuladora....

    Parabéns pelo blog! Muitas coisa por aqui está me fazendo bem!

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  4. É Lúcio,

    A questão é mais profunda que esses dois "lados" teológicos, que para mim entram pelos mesmos corredores...

    O problema é tentar entender a partir de paradgmas do "assim que funciona".
    Estou tentando exatamente, romper com esta idéia: "funciona?"

    Prefiro simplesmente amar com intensidade aquele que me ama, o restante, são meras imaginações.

    Aliás, toda compreensão sobre Deus, sempre será "imaginação"....

    E gosto de saber que Deus é... AMOR.

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  5. Anônimo6:50 PM

    Aquilo que é incogniscível ao Homem, talvez nunca será entendido, mas certamente viveremos dentro desta incogniscibilidade pra sempre com Ele. Isto é o que importa!

    Abraços!

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  6. Por isso Lúcio,

    fiquemos com o único Deus que conhecemos: JESUS CRISTO.

    Nele vemos a exata expressão de Deus.

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