PERCEPÇÕES DE MEIO SÉCULO DE VIDA
Passados meio século de vida, compreendi que a gente consegue saber pouca coisa para uma vida verdadeira e aprende muita coisa, de pouca utilidade, que serve muito mais para mostrar que sabe, e, no final das contas não tem um valor muito efetivo no modo de viver.
Percebi que o maior prêmio da vida, ocorre quando as pessoas ao conviverem com você, se tornam melhores pessoas e mais gratas.
Aprendi, que não é possível compreender nada do mundo em que vivemos, se não abandonarmos a hierarquia do saber e abraçarmos aqueles que, diante de nós, estão sentindo na pele as demandas da vida.
Compreendi que os mais velhos nos influenciam e os mais novos nos dão sabedoria. Isso porque os mais velhos depositam em nós princípios ou revelam o "como não fazer” e os mais novos requerem de nós a aplicação prática daquilo que dizemos saber.
Atentei para o fato de que a disputa pela verdade é uma grande mentira e uma verdadeira cilada contra a fé cristã, pois se pretende acima do valor humano ao dar poder e honra àquele mais ágil com a lógica e também ao que melhor organiza o discurso e nunca ao mais amoroso.
Também pude ver que os verdadeiros mestres não são necessariamente os mais venerados por sua inteligência, mas aqueles que melhor sabem viver, pois afinal, o que de fato importa na vida é como se vive e não como se entende.
Pude ver também, que mais importante do que ter filho é ser pai e, no casamento, mais importante do que ter uma esposa é ser marido, mais importante do que ser amado é amar, mais importante do que estar certo é buscar compreender o outro.
A felicidade só existe no equilíbrio entre usufruir a vida e saber usá-la para o bem, sabendo acolher a única vida que a gente possui que é essa do momento presente. Por isso, é inútil gastar a vida com aquilo que ainda não chegou, com aquilo que não se tem e permanecer preso ao que não mais é.
Isso me levou a entender que há limites para se desejar outra vida: desde que a insatisfação não lhe furte de viver o presente.
Ele, o presente, é a vida que nos foi possível, com as condições e oportunidades que nos foram proporcionados.
Descobri ainda que a felicidade se torna perene, quando os sonhos, as realizações pessoais e a maneira de ser partem da premissa de serem a sua contribuição, no e para o mundo, e não ensimesmados, contemplando apenas desejos individualistas e egocêntricos. E vale a pena viver por esse parâmetro, que é o que nos enche do fôlego da vida.
Quanto à culpa, jamais se culpe por não ter sido mais esperto, mais especial, mais ágil ou mais sábio.
Não se culpe por não ter conseguido, por não ter tirado uma nota boa na escola da vida.
Se é para sentir-se culpado, que seja por ter tentado ser quem nunca foi, tentado viver uma vida que não tinha e por isso não amou como deveria ter amado e deixou de fazer o bem que deveria ter feito; sendo que poderia.
Aprendi que a gratidão é o melhor remédio para o coração e por isso tenho que agradecer algumas pessoas que muito me ajudaram:
Numa fase importante de minha vida, minha mãe com uma sabedoria ímpar deixou registrado em meu coração valores, princípios e a mais imperiosa necessidade humana de ser um eterno aprendiz.
Mãe, estou tentando, apesar das muitas tentações para achar que já sei e por isso poderia sentar na cadeira de mestre e limitar-me a ensinar.
Noutro ponto de minha história, um tempo rico na cidade de Lavras, MG, quando precisava lidar com pessoas e ter uma comunidade cheia de vida e celebração, entrei em contato com o educador, imortal Paulo Freire e sua pedagogia. Tempo precioso em que experimentei a inesquecível possibilidade de escrever uma história bonita e marcante.
Bruno, meu filho, nos últimos anos tem sido, o meu melhor mestre.
Tem aberto minha mente para uma atualidade linda, aberto minha visão para contemplar um futuro promissor, ajudado a rever minha fé e solidificá-la de forma madura desafiando minha esperança em um mundo cheio de Deus.
Gabi, minha filha, me apresenta um mundo cheio de cores ao qual preciso a cada dia me tornar uma melhor pessoa, mais cheio de ternura e que devo alargar meu coração e expandir minha mente para compreender que "existe vida lá fora".
Sou grato a você que sempre teve um olhar como duas bolinhas brilhantes que me tiram sorrisos contidos e fazem bem à minha alma.
E não poderia deixar de honrar a mais extraordinária das mulheres!
Bendita hora que desejei ter você pra sempre comigo.
Naquela hora, os céus disseram amém e me consideraram um aventurado.
Com isso, aprendi diversas coisas.
Entre elas, que uma pessoa pode levar a outra ao bem, ao amor, à sabedoria e ao amadurecimento com beleza.
Que a cumplicidade lúcida alimenta o amor.
Que relacionar-se desarmado e confiar-se às mãos de quem se ama torna o casamento leve e duradouro.
Descobri, também que toques descomprometidos, mesmo depois de mais de 30 anos juntos, ainda liberam a química que entrelaça os corações e faz os corpos queimarem de desejo.
Que palavras acompanhadas de gestos demonstram confiança.
Que o amor não se ressente com o confronto, antes empreende todos os esforços para que de forma pacífica, amorosa e bondosa o outro seja melhor.
Obrigado, querida Gi, meus 50 anos são coroados de alegrias e infindáveis suspiros de um coração que deseja.
E por estar com você, pelos filhos que recebemos de presente, posso saborear uma vida passageira como se fosse eterna.
Por fim, aos meus amigos, a todos que entrecruzaram minha história e por isso, me formaram e hoje, ao olhar como me compreendo, gosto de quem sou e como vivo: minha gratidão.
Sem essa humanidade diversa eu não seria.
Com ela, estou conseguindo seguir uma trilha para ser e tenho gostado dessa aventura de viver.
Beijos!
Eliel Batista
Pois é...vem você de novo me fazer chorar...
ResponderExcluirTenho um texto de um tal de Balbino Costa que não me lembro quem é, mas que me lembrou de você. Aí vai...rsrs...não sei se vai gostar, mas vai assim mesmo.
A subida é íngreme
A escalada é difícil e desanimadora.
Mas a vitória sem luta não tem sabor.É por isso que ela é para aqueles que percebem a vida pelo que ela é,e não pelo que dela dizem.
Para aqueles que tem coragem de transcender seus limites pessoais inserindo-se nas dimensões da história.
Para os que perdoam de coração o passado, assumiram de corpo e alma o hoje, e apenas esperam o futuro se tornar presente.
Para os que, livremente amam sem oprimir ou reprimir, vivendo a liberdade e a justiça sem ter necessidade de apregoá-la.
Para aqueles que, apesar das sombras e nevoeiros, tempestades e terremotos, sentem que é preciso continuar, que é preciso pensar para acertar, calar para resistir, agir para vencer.
Balbino Costa 23/11/1995
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